ALANA LIAL* –
“Nada é sorte. Tudo é energia, trabalho e merecimento”. Com essa frase encerrei uma discussão calorosa com uma amiga distraída da vida, que se lamentava que a sorte não era para ela. O quanto era frequentemente importunada por tragédias e tristezas. Se achava uma azarada, não no sentido da paquera e, sim, no fato de trazer consigo todo azar possível do mundo. Se é que isso possível. Não duvidaria em nada se logo na sequência algo de ruim pudesse acontecer. Com ela. Ainda não está muito nítido para muita gente, a força que o universo tem quando abraça o seu pensamento, menos ainda a potência que exercemos sobre ele. Seja quando o abraçamos ou beijamos.
Esse papo todo me consumiu algumas horas antes de dormir e fiquei pensando como ainda somos medrosos. Assumir nossas culpas ainda é um amargo fardo. Tomar as rédeas da vida ainda é um ato bruto, preferimos sempre ficar na melancolia, e negar a culpa por nossas frustrações. Dói menos. Trabalhar os dias com culpa ou preguiça não é gentil conosco. E uns mais outros menos gostamos de gentilezas. Precisamos delegar a alguém ou alguma coisa essa saborosa exaustão que é viver.
A culpa nunca é nossa. Me separei porque ele é chato. Engordei muito. Logo agora eu vou ficar com dor de dente?! É muito azar. Mas antes disso tem o quanto você pode ser chato, o quanto você comeu pizza e o quanto você não escovou os dentes. Fui didática, beirei a infantilidade, mas você não discorda. Mas vale uma vilã divertida do que uma falsa vítima. Isso cabe pra mim e pra você. Eu que escrevo e você que lê. E prefiro acreditar na sorte que você vai entender. Opa, um lapso, afinal cheguei até aqui desmerecendo a sorte. E vou continuar.
Às vezes alguém chega pra mim e fala que tenho muita sorte. Sinceramente? Todo dia eu trabalho, domando meu ócio interno e externo, vibrando, emanando, pensando bem, no bem. Faça um teste e se der depois me fale. Fique disposto para as horas, para o outro e para as situações. Deixe um tanto extra de alegria reservada, caso não saia tudo como planejado. Pode acontecer. Olha que dádiva, entre um dia ruim e um dia péssimo existe uma noite linda e suntuosa. Viver não é preciso, navegar dizem que é. Transborde mar, quem sabe assim e definitivamente você mande na sua “sorte”.
Acervo pessoal
*Alana Lial é atriz, jornalista, dramaturga e escritora. Lançou em 2019 o livro “Só não choro para não borrar meu rímel”. Atualmente no teatro da vida a Eugênia Álvaro Moreyra uma das primeiras feministas brasileiras.
Homem, idade não revelada, nascido de um homem e uma mulher altamente erotizados. hoje pensa e vive para isso, além de trocar ideias sobre o tema. ou será que ele escreve sobre outra pessoa, é tudo ficção ou só exagero? ou não? quem sabe que se cale.
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