JOÃO LUIZ VIEIRA* –
Desculpa, quem é de escorpião vai entender: tenho muita curiosidade em acompanhar a morte e o renascimento das pessoas mais queridas que me circundam. Como elas lidam com uma crise como esta, oferecida por este 2019? Choram, desabafam ou agridem, do ponto de vista sombrio, ou, sob a luz, mergulham para dentro de si, silenciam-se e refazem a vida a partir dos nós que a vida tecida oferece?
Quem traz antídoto e veneno no corpo, como o aracnídeo que rege indivíduos nascidos entre 23 de outubro e 21 de novembro, está sempre com malas feitas para o próximo check-in, geralmente para um destino desconhecido e, quase sempre, sujeito a chuvas e trovoadas. O fato é que a maioria das pessoas tende a não fazer malas e, principalmente, desfazer-se delas. Do que é peso ou desnecessário quando se volta de uma viagem, inclusive objetos, familiares, amigos, cidades, profissões ou pedaços do corpo.
A minha curiosidade é encontrar os meus amigos mais queridos depois do colapso: será que eles entenderam que não devem se apegar ao que é passageiro, e isso inclui, dentre outras ‘aquisições’, quem a gente mais ama? Drama grego. Por falar em grego, conhece as moiras? De acordo com a mitologia grega, eram três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos. Lúgubres, eram responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos. Uma delas era responsável, inclusive, por atar os nós de um tear chamado Roda da Fortuna.
As voltas da roda posicionavam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos. Cada moira cuidava de uma parte da obra de arte que é viver, mas, fundamentalmente, elas garantiam que a vida seria esse fluxo intermitente. E você, depois do fundo do poço, em qual fio do tecido você se agarra? O nó talvez não seja a melhor opção para recomeços. Desate-o.
FOTO: Bianca Vasconcellos
*João Luiz Vieira, 51, é jornalista, roteirista, letrista e educador sexual, ou sexólogo, como preferir. Ele tem dois livros lançados como coordenador de texto: ‘Sexo com Todas as Letras’ (e-galáxia, fora de catálogo) e ‘Kama Sutra Brasileiro’ (Editora Planeta, 176 páginas),e é sócio do canal de youtube Sexo Sem Medo. Interessado em palestras sobre aspectos gerais ou específicos da sexualidade, por gentileza procurar Vitor Bastos (portal http://tambor.biz/) ou Tate Costa (tate.costa@gmail.com).
Homem, idade não revelada, nascido de um homem e uma mulher altamente erotizados. hoje pensa e vive para isso, além de trocar ideias sobre o tema. ou será que ele escreve sobre outra pessoa, é tudo ficção ou só exagero? ou não? quem sabe que se cale.
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