Divulgação
JOÃO LUIZ VIEIRA* –
Você conhece Diego Sans, ou Luiz, seu nome de batismo? Pesquisa por ‘Tarzan porn’. É ele, o ator brasileiro de maior sucesso no mundo do cinema de sexo realista, ou, direto ao ponto: o homem que fala português, mas atua em inglês, que está fodendo mais que todo mundo que você conhece. Como profissão. No momento, apenas 50 cenas. Apenas?
Fui atrás dele, ops, ou à frente, e descobri que é um moço simpaticíssimo, que acha preconceito um pus (como eu) e, é, no fundo, ops, na real, um romântico. Diego vive em Miami, mas quer morar em Nova York para, enfim, estar mais próximo do seu diretor. Aqui, nossa entrevista:
PPQO – Onde você nasceu,qual sua idade e onde hoje vive?
Diego Sans – Nasci em São Jose do Rio Preto, no dia 31 de Março de 1989, mas fiquei pouco tempo lá. Morei em São Paulo por um bom tempo, e aos seis anos vim morar nos E.U.A. Após ficar alguns anos entre Brasil e E.U.A resolvi mudar de vez em 2009. Fui primeiro para São Francisco, Nova York (NY), e agora estou em Miami. Mas não sei por quanto tempo vou aguentar. Algo me diz que devo voltar para NY, mas vou dar para Miami mais uma chance.
PPQO – Quais suas medidas? Creio que para um ator de filmes de sexo explícito sejam importantes.
Sans – Eu tenho 1’75 de altura (5’9 feet), peso 80 kilos (175 lb), e de pau eu tenho 20 cm (8”). A maravilha dessa indústria é que não existe certo ou errado. Vale tudo! Alto, baixo, gordo, magro, peludo, liso, pau grande, pequeno, chicote, choque. O que você pensar deve existir. Tem de tudo! Esta é uma industria sem discriminação. Adoro isso! Quem quiser entrar na brincadeira pode vir.
PPQO – Qual sua orientação sexual. É solteiro? Se não, é casado com quem?
Sans – Minha orientação sexual é gay, e não estou solteiro, mas também não estou casado, ainda. (ri) Depois de dois anos loucamente apaixonado pelo meu diretor, Marc Macnamara, criei coragem e contei a ele como me sentia. Daí pra frente foi só namoro. Fico feliz que um grande verdadeiro amigo virou namorado. Trabalho com o Marc MacNamara, mas namoro o Marc Manali (abaixo), do mesmo jeito que o Mark trabalha com o Diego, mas namora o Luiz. E venho conhecendo os dois lado dessa figura, que é um verdadeiro palhaço no set, e um amor fora. Único ruim do relacionamento é que eu estou em Miami, e ele em NY. Mas entre Miami e NY nem da pra reclamar. (ri)
PPQO – E não rola ciúmes?
Sans – Ciúmes não rola. Palavra pesada essa. O que rola é saber que estamos só gravando, realizando uma fantasia. No momento do ‘Ação’ é fantasia. No ‘Corta’, voltam o Luiz e o Marc.
PPQO – Como começou sua carreira artística e como foi parar nos filmes eróticos?
Sans – Comecei minha carreira nos filmes eróticos em 2010 em Los Angeles, com Randy Blue. Morava em São Francisco nessa época. Fiz o primeiro vídeo e achei divertido. O estúdio depois me falou que a cena foi um grande sucesso, e queria continuar gravando. Assinei meu primeiro contrato, e virei um Randy Blue boy. Mas em 2013 resolvi me mudar para NY, e não aguentava as viagens para LA (Los Angeles) para gravar. Meu melhor amigo Colton Grey (**nome verdadeiro: Cameron Rose) me colocou em contato com um diretor em NY que grava as cenas para MEN.com, e assim conheci o Marc. Ganhei um contrato de um ano, que estou renovando agora fazendo esse meu segundo ano com a MEN. Estou indo para sete anos nessa indústria. É muito foda.
PPQO – Você já começou a trabalhar no exterior ou fez algum no Brasil?
Sans – Ja gravei com a MEN fora do Estados Unidos. Gravamos no Canadá e Costa Rica, onde filmamos ‘Tarzan’ (abaixo, em um dos stills). Este ano estamos gravando no exterior novamente. Brasil pode ser uma opção. Algo me diz Bahia.
PPQO – Você é passivo, ativo ou versátil no trabalho e na vida real?
Sans – No trabalho, sou ativo, mas já fui passivo e versátil. Hoje o bumbum está aposentado. Na minha vida pessoal minha preferência é ativo, mas em relacionamento não existe preferência.
PPQO – Como é a remuneração desse trabalho? Por cena, por filme, pela quantidade de homens na cena ou pelo tipo de prática sexual? Poderia me fornecer ideia de valores?
Sans – O valor varia. O modelo normalmente é pago pelo que faz na cena e, como lhe disse, tem de tudo. Eu não tenho nem ideia de quanto o modelo é pago para alguém brincar de puppet com ele (fisting). Medo! (ri) Na minha área, o modelo é pago por ser ativo, versátil ou passivo. Quando chega na questão do valor depende do estúdio. Cenas podemos variar de US$ 500 (o equivalente a R$ 1,6 mil por cena) até US$ 4 mil (R$ 13,6 mil por cena), dependendo do estúdio, e dependendo do modelo pode ser até mais.
PPQO – Atores costumam fazer exames para detectar ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) ou a prática do barecack é comum? Há diferença de cachê nesse sentido?
Sans – Novamente, depende do estúdio, mas, sim. A maioria testa o modelo todo mês antes de gravar. Já no bareback acredito que seja a mesma coisa, se não for mais rigorosa. A verdade é que eu não sei. Filmes com camisinha e bareback são dois mundos completamente diferentes. O modelo que faz um filme bareback não costuma trabalhar em filmes com camisinhas. E depois de assistir o modelo gravando sem camisinha, ninguém quer assistir com. Alguns fãs dizem que vendo a camisinha perde o tesão. Na questão do cachê, realmente não tenho a menor ideia.
PPQO – O que é mais fácil e mais difícil nesse tipo de trabalho?
Sans – O mais fácil é depositar o cheque. Pornô é uma ilusão. Criamos uma fantasia para o telespectador poder entrar no seu mundinho erótico e brincar. O que deveria ser um trabalho fácil, se torna ser um trabalho difícil quando se tem que contracenar com modelos héteros. Penetrar ou ser penetrado por um ou em um hétero durante quatro ou seis horas é irritante e cansativo. É o que chamamos na indústria de ‘gay for pay’. Cenas que deveriam ser rápidas acabam demorando um século, pois o modelo não consegue ficar de pau duro. O modelo pode tomar o que ele quiser por sua conta. O estúdio oferece uma erva, que vende em sex shops se ele quiser. Como o pornô gay paga mais que o hétero, muitos modelos héteros optam por serem passivos, pois não precisam ficar de pau duro tanto tempo e facilita gravar.
PPQO – Os atores se falam antes, combinam o que fazer e o que não?
Sans – Depende do estúdio. Normalmente, os modelos se encontram pela primeira vez no dia da gravação. O que o modelo irá fazer é negociado antes. No set, o diretor sempre pergunta com o que o modelo se sente confortável. Muitos não gostam de praticar oral ou beijar. Pequenos detalhes que levamos em consideração na hora de gravar.
PPQO -Você já se apaixonou por um algum ator? Rola ciúmes?
Sans – Paixão com ator, não. Só com o diretor mesmo. (ri) Já rolou brincadeira depois da gravação com alguns modelos, mas nada além de amigos com benefícios. Não existe ciúmes. Ciúmes do que? Conversei sobre isso com o Marc (diretor/namorado) duas semanas atrás, pois janeiro foi o primeiro mês que ele gravou Diego enquanto namora o Luiz. Até o ano passado, eu e o Marc éramos apenas grandes amigos. Ele está na indústria há dez anos e sabe que isso é uma fantasia. No set, ele é Marc MacNamara, o chefe palhaço que faz todo mundo rir. E fora ele é Marc Manali, meu melhor amigo e agora namorado.
PPQO – Com quem faria um filme e ainda não conseguiu?
Sans – A única pessoa com quem eu gostaria contracenar é Reese Rideout (abaixo). Mas, infelizmente, ele já se aposentou.
PPQO – Sofre ou sofreu preconceito? De amigos, família ou colegas de profissão?
Sans – Sofri, sofro e sofrerei, mas meu sofrimento é rápido, pois maior sou eu. Já sofri preconceito por ser gay, de fazer pornô, de ser latino. Perdi varias pessoas que jurava serem meus amigos. Família, com quem já não convivo mais, e a lista continua. Não dou atenção a essas pessoas ignorantes. A vida é uma sala de aula, e aprendo todos os dias. O melhor conselho que posso dar é: ‘Live and let live’ (**Tradução: viva e deixe viver).
PPQO – Você tem vontade de fazer filme convencional, digamos assim?
Sans – Porra! Quem dera eu! Estudei no Wolf Maya alguns anos atrás, e adorei! Sempre fui apaixonado por teatro, musicais, cinema. Se pintar a oportunidade de fazer parte de um filme ou uma peça de teatro eu pulo nisso de cabeça. Seria um grande sonho.
PPQO – Fez filmes com mulheres e transgêneros?
Sans – Nunca filmei com mulheres nem transgenders. Todas as minhas gravações foram só com homens.
PPQO – Para você quem são os melhores amigos da área? De onde vêm?
Sans – Os melhores amigos para mim nessa area são Colton Grey, Marc McNamara, Rusty e Thomas. Colton trabalha na indústria como ator. Marc é diretor. Rusty e Thomas são extras que trabalham no set com luz, som e edição. Todos eles estão em NY. A não ser o Colton, que mora na California, em São Francisco.
PPQO – ‘Tarzan’ foi seu papel de maior destaque?
Sans – ‘Tarzan’ foi o que me deu mais repercussão, e me deu mais visibilidade. Várias cenas foram grandes destaques. Uma das cenas de mais destaques foi ‘Stealth Fucker 8’, onde traí minha mulher com um amigo da faculdade enquanto ela estava no quarto ao lado. Essa cena ficou em primeiro lugar por três messes consecutivos. Mas. de todos, ‘Tarzan’ foi o maior filme. Na minha última ida ao Brasil, percebi que ‘Tarzan’ foi um grande sucesso. Durante o meu tempo no Rio, vários fãs elogiaram ‘Tarzan’. Fico feliz em saber que o pessoal gostou do filme.
PPQO – O que é que o brasileiro tem que os outros não têm?
Sans – Como diz o ditado: ‘O melhor do Brasil é o Brasileiro’. A gente tem gingado, samba no pe, amor, carinho e muito mais. Não dá pra explicar. O brasileiro e único.
FOTO: Bianca Vasconcellos
*João Luiz Vieira, 51, é jornalista, roteirista, letrista e educador sexual, ou sexólogo, como preferir. Ele tem dois livros lançados como coordenador de texto: ‘Sexo com Todas as Letras’ (e-galáxia, fora de catálogo) e ‘Kama Sutra Brasileiro’ (Editora Planeta, 176 páginas),e é sócio do canal de youtube Sexo Sem Medo. Interessado em palestras sobre aspectos gerais ou específicos da sexualidade, por gentileza procurar Vitor Bastos (portal http://tambor.biz/) ou Tate Costa (tate.costa@gmail.com).
Homem, idade não revelada, nascido de um homem e uma mulher altamente erotizados. hoje pensa e vive para isso, além de trocar ideias sobre o tema. ou será que ele escreve sobre outra pessoa, é tudo ficção ou só exagero? ou não? quem sabe que se cale.
JOÃO LUIZ VIEIRA - Segunda-Feira
ROSOSTOLATO - Segunda-Feira
ALANA LIAL - Terça-Feira
LUIZ FERNANDO UCHOA - Quarta-Feira
MARCHESA DE SADI - Quinta-Feira
HEITOR WERNECK - Quinta-Feira
MARCIA ROCHA - Sexta-Feira
DIÁLOGOS COM MAMÃE - Sábado
Comentar