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JOÃO LUIZ VIEIRA –
Keyllen Nieto pertence ao que chamo ‘núcleo duro’ de amizade, mesmo que, por contingências externas, às vezes fique meio mole, mas quando a alma gruda na outra só um invisível para separar. A colombiana mais brasileira que conheço, que samba como poucas paulistas, está comigo não só nesse projeto, como em quase todos os que penso e desenvolvo. O motivo é simplesmente porque ela é o que é, muitas vezes igual e noutras distante de minh’alma. O que é relevante é que ela é uma aula de humanidade, e isso vem da família, que, por sorte, conheço. Complexa porque absolutamente indefinível, ela muito me honra sempre, e foi difícil escolher cinco dentre 90 textos que ela escreveu nesses três anos de PPQO. Aqui, uma tentativa de síntese.
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‘O que há dentro de nós que nos impede ser atendidos por transgêneros recepcionistas, advogados, taxistas e o que quer que for? Por que negar educação de qualidade para essas pessoas conseguirem chegar até lá? Por que o sistema de saúde não está preparado para oferecer serviços qualificados para esta população? Por que o sistema jurídico ainda não incorporou uma lei de gênero que facilite a vida desta parte da população? Por que as forças de segurança do Estado não têm treinamento para saber abordar, acolher e proteger todas e todos? Graças a pessoas corajosas como Laerte Coutinho, Jean Wyllys ou Lea T., dentre vários outras, começamos dar passos importantes e, melhor ainda, concretos para chegarmos no estado de cidadania e civilidade que nosso País e sua população merecem. Outorgarmos esses direitos não vai tirar nada dos direitos das outras populações. Vai, sim, melhorar a qualidade de vida de todo mundo.’
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TRANSgressão ou TRANSformação?
‘Em tempos onde a sutileza, o refinamento e a reciprocidade parecem ser qualidades pouco (re)conhecidas quando o assunto é a manifestação da atração por uma pessoa desconhecida, decidi prestar homenagem a aquela que é a melhor, mais eficaz e charmosa de todas as abordagens: o olhar. Sim, não é nada novo. É singelo e parece lugar-comum. Só que a ação de direcionar nosso olhar para outra pessoa está carregada de uma multiplicidade de fatores que fazem desse simples gesto quase uma arte, e com certeza uma linguagem a ser entendida e valorizada. Não é à toa que infinidade de poesias e canções dedicam-se a descrever olhares: de tristeza, de paixão, de ausência, de interesse.’
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Qual a melhor e mais charmosa de todas as abordagens?
‘Violência simbólica também existe e é profundamente nociva. Disso sabemos nós, mulheres, que diariamente denunciamos a ‘coisificação’ e banalização dos nosso corpos através de revistas, músicas, propagandas e todo tipo de apelativos que fazem de nós ‘cachorras’, ‘éguas’, ‘filés’, ‘melancias’, nomes de cervejas, e por aí vai. Há também fortes contribuições das instituições cristãs para a marginalização das mulheres como a pregação da subserviência, a exclusão dos círculos de poder e decisão, a demonização da nossa livre sexualidade etc. Porém, se quisermos realmente, efetivamente, mudar comportamentos e ideias que nos fazem mal como sociedade, o caminho não é responder com mais agressão. Provocação e questionamento fazem parte do jogo, mas são artes que requerem sensatez, respeito pelas diferenças e um mínimo de espaço para o diálogo. Caso contrário, estaremos contribuindo ativamente para o antagonismo, a fragmentação de forças e a marginalização de qualquer causa que for.’
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‘Se as mulheres não se vestissem como vadias…’ ou o que uma frase pode provocar
‘Gilmara atingirá o ápice do êxito, será a inveja das vizinhas e ‘das mina’, quando seus estudos tiverem sido reconhecidos e ela for promovida a secretária. Claro, isso enquanto ela ainda estiver novinha para embelezar o ambiente e arrastar os olhares com a graça dos seus quadris, do seu bumbum e do seu sorriso. Infelizmente, Gil vê que as mulheres que a rodeiam, as referências que aparecem na TV e as protagonistas das músicas que ouve só são validadas e reconhecidas enquanto forem sedutoras, gostosas, boas de cama. E ai dela se não conseguir segurar um homem, como a sua mãe não segurou! Aí vai ter algo de errado com ela. Vai ter que ficar de olho “nas amiga”, vai ter que caprichar na maquiagem, na academia, encurtar a minissaia. Aí, sim, Gilmara vai se sentir reconhecida, valorizada. Porque para passar de servir cafezinhos nas salas de reuniões, de atender telefonemas dos chefes, a sentar numa dessas salas, vestida de terninho e rodeada de executivos, sobra escuridão na sua pele. Faltam qualidade na sua educação e uma possibilidade de sucesso, além da Globeleza e da rainha de escola de samba.’
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‘Por que o afeto físico é fundamental? Vejamos:
1.Porque nos faz amar melhor. Entre mais satisfeitos se declaram os parceiros românticos com o relacionamento, maior o nível de afeto físico (veja bem: afeto, não asfixia). E algo muito importante: a solução dos conflitos fica mais fácil quando há abraços, carinho nas mãos e no rosto, conchinha, beijinhos.
2.Porque beneficia nossa saúde mental no longo prazo. Pessoas que receberam doses saudáveis de afeto tornam-se mais resilientes às adversidades e mostram níveis muito menores de ansiedade do que aqueles que não as receberam. Essas pessoas têm uma tendência muito menor a sofrer de depressão. Os baixos níveis de cortisol – que é um dos hormônios do estresse – são um dos diferenciais. Este benefício prova-se igualmente efetivo quando adultos entre casais/pares. ‘
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Gostou? Esses são apenas cinco colunas publicadas por ela nesses três anos de PPQO, a título de exemplo do que Keyllne Nieto é capaz de provocar: seus instintos mais atávicos. Se quiser ler mais, entra no site, em Colunas, e procura pelo nome dela. Quem sabe ela volta em 2016?
Homem, idade não revelada, nascido de um homem e uma mulher altamente erotizados. hoje pensa e vive para isso, além de trocar ideias sobre o tema. ou será que ele escreve sobre outra pessoa, é tudo ficção ou só exagero? ou não? quem sabe que se cale.
JOÃO LUIZ VIEIRA - Segunda-Feira
ROSOSTOLATO - Segunda-Feira
ALANA LIAL - Terça-Feira
LUIZ FERNANDO UCHOA - Quarta-Feira
MARCHESA DE SADI - Quinta-Feira
HEITOR WERNECK - Quinta-Feira
MARCIA ROCHA - Sexta-Feira
DIÁLOGOS COM MAMÃE - Sábado
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