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JOÃO LUIZ VIEIRA –
Mari Ene chegou ao PPQO depois da lamentável saída de Adriana R. Buscava uma mulher que tentasse, de alguma maneira, traduzir o amor heterossexual, mas não só se derramasse pelos homens. Queria alguém com visão crítica desse tipo de parceira. Foi quando Doutor Fofinho me sugeriu Mari Ene, que me veio embrulhada de presente como uma mulher inesquecível e talentosa. E é. O curioso é o trio citado acima ganhou a retrospectiva do site no mesmo dia. Mari Ene, que também é mãe, escreveu 24 textos e resolveu dar uma parada para se repensar. Estamos aqui lhe esperando, de braços sempre abertos. Aqui, um pouco da produção dessa mulher inquieta.
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‘Os hormônios dela estão nos cílios, por questões biológicas, inclusive. As conversas sobre sexo são muito mais conversas mesmo, de troca, do que orientações. Claro, a orientação existe e aqui é pautada pela apresentação à ginecologista, ao respeito do atendimento individual pra que elas se entendam, e a garantia de que a pílula esteja em dia. E caminhamos entendendo que a primeira vez dói, mas é inesquecível, e que a sedução é natural, mesmo que com treino na frente do espelho. Algumas pessoas se surpreendem com nosso contexto, este de trocar ideias sobre o nosso sexo, a nossa sexualidade e sensualidades particulares. O que a gente acha e vivencia é que falar sobre tudo não é contar tudo – ela sabe de mim o que cabe a ela saber, e eu sei dela o que cabe a mim saber, numa troca gostosa que respeita os limites da intimidade.’
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‘Usam a cultura para justificar muitas coisas, mas é extremamente perturbador pensar em uma cultura que confisca a vida de 300 meninas. O impacto desta tragédia há de incomodar o mundo, e não o numeral absurdamente grande de pessoas certamente desesperadas, sem uma única resposta concreta diferente de ‘ela não vai mais voltar’. Um par de pais pra cada uma e temos 900 pessoas, com certeza absoluta, em profundo estado de desespero e sofrimento. O que faremos? Estamos preparados para lidar com isso ou será algo que só acontece do outro lado do oceano e, portanto, está distante de nossa rotina, de nossa cultura?’
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300 meninas acordaram, foram levadas à escola e não voltaram
‘Maus tratos físicos são atitudes inadmissíveis, isso todo mundo concorda. Um homem que bate não chega a ser um homem, disso todo mundo sabe também, mesmo que, por ‘n’ motivos, tenha que fingir demência e conviver com o ‘looser’. É, looser mesmo, de perdedor, porque um lama que bate em quem quer que seja como forma de se impor, passados os dez anos de idade, é alguém que escolheu perder (mesmo que seja a si mesmo, mas ele não tem profundidade mental pra saber disso). Acontece que a maior parte dos maus tratos não começa no formato ‘físico’. Começa ali, no privado. Na crítica à roupa, na crítica rotineira disfarçada de ‘eu não posso nem reclamar de você que você explode’. É, mulher, a gente é quem explode no discurso dele. E a gente é também quem acredita que explode e continua ali, com ele.’
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É machismo quando alguém diz que fulana apanhou porque quis?
‘Agradeço por todas as vezes que você me fez sentir tão pequena e impotente perante minhas vida e decisões, por ter caprichado tanto na escolha das palavras agressivas que hoje, no meu presente, está muito mais simples identificar o que quero e desejo de outra pessoa quando me sinto frágil – ou quando estou forte, o que também pode ser uma afronta pro outro, dependendo do momento que ele está. Mas, especialmente, por ter sido fundamental para que eu abrisse os olhos e enxergasse minha força e criatividade pra vida, pros meus grilos, pras minhas sensações. Agradeço também por você ter insistido no conceito machista de que a mulher tem que estar sempre linda e disposta para o homem. Adequei este discurso insalubre para a rotina, parei de fumar e tenho me exercitado. Estou com um popozinho lindo de fazer inveja.’
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Prezado ex-namorado, preciso lhe contar umas coisas
‘Faz um tempo que a mulher vem conquistando o direito de desejar. Olha que coisa esquisita: logo a mulher, dona das nuances todas, ter que se conter, não poder querer porque é feio, é sujo, de puta.Oi?! Posso gerar uma vida, mas não ter festa no meu corpo porque o lindo encostou aqui, falou aquilo lá, olhou daquele jeito? Posso batalhar pela igualdade de pagar a conta (ainda tem que explicar essa direito, alguém, por favor), mas não posso querer ter prazer pelo simples fato de, hum, veja bem, ter prazer – seja depois de um dia corrido, de um momento tenso ou triste ou apenas rotineiramente.’
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Gostou? Esses são apenas cinco colunas publicadas por ela nesses três anos de PPQO, a título de exemplo do que Mari Ene é capaz de provocar: seus instintos mais atávicos. Se quiser ler mais, entra no site, em Colunas, e procura por Mulher com M. Quem sabe ela volta em 2016?
Homem, idade não revelada, nascido de um homem e uma mulher altamente erotizados. hoje pensa e vive para isso, além de trocar ideias sobre o tema. ou será que ele escreve sobre outra pessoa, é tudo ficção ou só exagero? ou não? quem sabe que se cale.
JOÃO LUIZ VIEIRA - Segunda-Feira
ROSOSTOLATO - Segunda-Feira
ALANA LIAL - Terça-Feira
LUIZ FERNANDO UCHOA - Quarta-Feira
MARCHESA DE SADI - Quinta-Feira
HEITOR WERNECK - Quinta-Feira
MARCIA ROCHA - Sexta-Feira
DIÁLOGOS COM MAMÃE - Sábado
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