Reprodução
KEYLLEN NIETO –
Sempre me pergunto por que as mulheres e meninas falam de tudo hoje em dia, menos em HIV. E isso inclui as lésbicas, que não sabem dos riscos que correm. Não sei se o tema rola entre homens, mas é algo que já várias vezes tratei entre pessoas próximas.
O conhecimento sobre o assunto não é dos melhores, mas é muito mais entendido entre homens gays e pessoas trans*, como resultado de ações direcionadas para esses públicos, mas também por relatos muito corajosos como os publicados por Renato Fernandes (http://bit.ly/1ak24pa) e um leitor anônimo (http://bit.ly/1lvOUgB) aqui no PPQO.
Hoje, como é meu costume a cada ano, fui fazer o teste. Faço independentemente de qualquer situação, pois acredito que deva compor os exames de rotina de qualquer um(a). Desta vez, decidi ir no Centro de Referência e Treinamento DST/Aids, do lado da estação Santa Cruz do metrô (http://bit.ly/1lcprqE) para conhecer melhor o serviço que ali se presta.
E o que vi rendeu uma grata surpresa e algumas valiosas observações. Grata surpresa porque o serviço, além de gratuito e desburocratizado – é só levar o RG e preencher um fácil cadastro – foi bastante gentil e rápido. Em 1h15 já estava com o resultado em mãos. A doutora que me atendeu foi detalhada e neutra nas suas perguntas de rotina, que incorporam todas as práticas de risco com pessoas de ambos os sexos. O diagnóstico inclui hepatite B e C e sífilis, além do HIV.
Observações
Sobre as valiosas observações, vi que a maioria do público estava composta por meninos muito novos, dois deles acompanhados pelos pais, que não pareciam muito felizes de estarem ali. De fato, pairava no ar uma tensão dissimulada. Normal, né?
Éramos quatro mulheres entre umas 25 pessoas. Fiquei me perguntando… será que é sempre assim? Questionei a doutora quando fui atendida, e ela confirmou. As mulheres cis geralmente só fazem o teste quando é pedido ou sugerido diretamente pela(o) ginecologista, ou fizeram uma cagada e não conseguem dormir. Elas ficam com vergonha de vir em um lugar onde todo mundo sabe por que você está ali. Uma terrível consequência de ter que preservar a imagem castrante de pureza e castidade imposta a nós.
Gente, não é demais repetir: ter uma sexualidade ativa não é nem deve ser privilégio dos homens! Não há por que se envergonhar de assumir que é o nosso direito e que em muitas ocasiões os riscos se tornam reais, por mais que sempre se tente ter cuidado.
E veja, estar num relacionamento estável não é garantia de NADA! Ninguém garante que a pessoa não possua já o vírus e não saiba, que não possa haver um deslize desprotegido, por mais alianças, votos e vigilância que houver. Difícil de encarar? É, mas não deixa de ser a realidade.
Camisinha
Também está o fato de que penetração sem camisinha – seja entre casais hétero, gay, bi ou de lésbicas – não é a única prática de risco a ser levada a sério. Sexo oral, penetração com os dedos ou compartilhar brinquedos sem camisinha ou barreira de proteção, também podem permitir a infecção.
Tudo isto também é de grande importância para mulheres que fazem sexo com mulheres! Qualquer contato da carne e do sangue com a mucosa vaginal já rende um bom motivo para ir fazer o teste. Lembre, não é só o HIV que deve nos preocupar.
Sei, é um tema desconfortável, mas o silêncio imperante só faz trabalhar contra nós. Dentre as pessoas infectadas, 58,2% são mulheres! Como é que nos permitimos continuar caladas? Como continuar coniventes com mais essa forma de mais essa forma de culpabilização que só produz consequências negativas ao nosso bem-estar? Bora fazer o teste com toda a coragem que é nossa, meninas!
Mais informações:
*Keyllen Nieto é antropóloga colombiana, formada na Universidad de Los Andes. Possui mestrado em Desenvolvimento Sustentável Internacional pela universidade de Brandeis, nos Estados Unidos. Trabalha com políticas públicas de juventude e LGBT, se define como ativista e leonina otimista e encantada pela humanidade.
Homem, idade não revelada, nascido de um homem e uma mulher altamente erotizados. hoje pensa e vive para isso, além de trocar ideias sobre o tema. ou será que ele escreve sobre outra pessoa, é tudo ficção ou só exagero? ou não? quem sabe que se cale.
JOÃO LUIZ VIEIRA - Segunda-Feira
ROSOSTOLATO - Segunda-Feira
ALANA LIAL - Terça-Feira
LUIZ FERNANDO UCHOA - Quarta-Feira
MARCHESA DE SADI - Quinta-Feira
HEITOR WERNECK - Quinta-Feira
MARCIA ROCHA - Sexta-Feira
DIÁLOGOS COM MAMÃE - Sábado
Comentar